Estudo Minucioso do Evangelho de Jesus (EMEJ)

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Metodologia

  1. O que é o EMEJ?                                                                                      

 Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida. Sua Luz imperecível brilha sobre os milênios terrestres, como o verbo do princípio, penetrando o mundo, há mais de 20 séculos.
Caminho, Verdade e Vida, Emmanuel/Chico Xavier, Interpretação dos textos sagrados

O EMEJ, conhecido também, carinhosamente, de “Miudinho”, consiste em analisar, cada versículo do Novo Testamento para extrair da letra, a mensagem sublime de Jesus.

Quando o mui digno Codificador, Allan Kardec, entendendo que Jesus é a única porta para a nossa libertação, através dos ensinamentos vivenciados, compilou O Evangelho segundo o Espiritismo, analisou algumas passagens do Novo Testamento à luz da Doutrina Espírita e teceu, com fios de luz, comentários seus e dos Espíritos sobre as mesmas, revelando assim a essência dos ensinamentos do Mestre, outrora, ditos em alegorias e parábolas.

Emmanuel, por outro lado, abordou o conteúdo do Novo Testamento analisando cada versículo ou parte do mesmo, desvendando com maestria os ensinamentos de Jesus.

Inspirados nessas duas abordagens, um grupo de estudiosos espíritas iniciou o estudo do Novo Testamento nessa metodologia na década de 50, posteriormente adotada pela UEM (União Espírita Mineira) em 1997, objetivando entender cada particularidade dos versículos evangélicos, verdades vivenciadas por Jesus, fanal hoje de toda a Humanidade através de inúmeros seguimentos religiosos, ainda que inconscientemente, visto ser o único bálsamo para nossas dores e aflições. Nessa empreitada, a UEM possui em sua estrutura organizacional a AEEJ (Área de Estudo do Evangelho de Jesus), atuante em todo estado mineiro, inclusive referência nacional neste método, que outrora fora utilizado por entidades luminares quando neste orbe encarnadas.

Na prática, o EMEJ é uma atividade iniciada em uma reunião espírita, um grupo de estudos, tendo como chave para o entendimento das mensagens de Jesus os ensinamentos e interpretações dos Emissários Divinos dos planos maiores, que, sob a égide de Jesus, passaram para Allan Kardec para a devida codificação. 

Deve ter um coordenador e, quando possível, dois ou três, de forma que funcione com normalidade na necessidade da falta do anterior. Normalmente, de bom alvitre, os dirigentes devem ser os integrantes com maior experiência doutrinária-evangélica. Essa reunião terá duração de acordo com a necessidade do grupo, mas normalmente entre 60 e 90 minutos. Além disso, segundo Honório Abreu, “num ambiente descontraído, ao embalo do entusiasmo e vontade de aprender, o trabalho é levado a efeito em torno de uma mesa, cujo objetivo é apoiar os livros e materiais didáticos a serem utilizados, que mais à frente citaremos” (Luz Imperecível, apresentação).

Segundo o mesmo autor, o EMEJ permite que, utilizando a Doutrina Espírita como chave (O Evangelho segundo o Espiritismo, introdução, I), nos aproximemos novamente de Jesus, após mais de dois mil anos de sofrimentos morais, aproveitando a dádiva divina de termos amigos ombreando conosco na peregrinação infinita rumo à evolução, utilizando-nos de troca de ideias, em forma de estudo pormenorizado dos ensinamentos de Jesus.

Por fim, também segundo Honório Abreu,

A Terceira Revelação, ampliando os horizontes da alma, não só nos leva ao tempo de Jesus, mas também, ilumina os caminhos, adequando para os dias que passam, as sementes do Amor, por Ele lançadas nos ambientes simples que O acolheram há mais de dois mil anos, vitalizando-as no solo do conhecimento e do sentimento, ao nível da fé raciocinada, para que elas germinem, cresçam, medrem e frutifiquem na intimidade dos que se despertam e se lançam, no rumo do futuro radioso, pela ação da caridade.
Luz Imperecível, apresentação

É preciso estar sempre atento para a necessidade do estudo intensivo da Doutrina Espírita, principalmente de seus princípios fundamentais. Não podemos esquecer que o EMEJ propõe entender o Novo Testamento à luz da Doutrina dos Espíritos, sendo, portanto, imprescindível que ela seja a chave para esse trabalho de desvendar os ensinamentos contidos na intimidade da letra do Cristo (Opinião Espírita, Emmanuel e André Luiz/Chico Xavier, c. 2).

2. Por que e para que o EMEJ?

Vemos, portanto, que os ensinamentos de Jesus contidos no Novo Testamento devem ser, por nós, não apenas entendidos, mas vivenciados. O Mestre tinha muito o que nos revelar, mas limitou sua obra ao nosso entendimento espiritual, respeitando o nosso livre-arbítrio e esperando, pacientemente, que a Humanidade atingisse sua maturidade espiritual para enviar o outro Consolador por Ele prometido, o Espiritismo. Poderíamos, então, a exemplo de Kardec, indagar:

Uma vez que Jesus ensinou as verdadeiras leis de Deus, qual a utilidade do ensino que os Espíritos dão? Terão que nos ensinar mais alguma coisa?

 Jesus empregava amiúde, na sua linguagem, alegorias e parábolas, porque falava de conformidade com os tempos e os lugares. Faz-se mister agora, que a verdade se torne inteligível para todo o mundo. Muito necessário é que aquelas leis sejam explicadas e desenvolvidas, tão poucos são os que as compreendem e ainda menos os que as praticam. (…) Estamos incumbidos de preparar o reino do bem que Jesus anunciou. Daí a necessidade de que a ninguém seja possível interpretar a lei de Deus ao sabor de suas paixões, nem falsear o sentido de uma lei toda de amor e de caridade.
O Livro dos Espíritos, questão 627

Allan Kardec, ao compilar as instruções dos espíritos, perguntou-lhes “qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo”, recebendo deles a resposta: “Jesus” (O Livro dos Espíritos, questão 625).

Em outras passagens, Kardec nos apresenta outras afirmativas dos Espíritos, apontando o Cristo como o detentor da mais elevada moral conhecida no nosso planeta, como neste trecho:

O Cristo foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral, da moral evangélico-cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos: que há de fazer brotar de todos os corações a caridade e o amor do próximo e estabelecer entre os humanos uma solidariedade comum; de uma perfeita moral, enfim, que há de transformar a Terra, tornando-a morada de Espíritos superiores aos que hoje a habitam. Um Espírito israelita.
O Evangelho segundo o Espiritismo, c. 1, i. 9

Sobre a missão de Jesus, os Espíritos afirmam:

Mas, o papel de Jesus não foi o de um simples legislador moralista, tendo por exclusiva autoridade a sua palavra. Cabia-lhe dar cumprimento às profecias que lhe anunciaram o advento; a autoridade lhe vinha da natureza excepcional de seu Espírito e da sua missão divina. Ele viera ensinar aos homens que a verdadeira vida não é a que transcorre na Terra e sim a que é vivida no reino dos céus; viera ensinar-lhes o caminho que a esse reino conduz, os meios de se reconciliarem com Deus e de pressentirem esses meios na marcha das coisas por vir, para a realização dos destinos humanos.
O Evangelho segundo o Espiritismo, c. 1, i. 9

Sem dúvida, Jesus é a porta da libertação do ser, como afirma Emmanuel (Caminho, Verdade e Vida, Emmanuel/Chico Xavier, c. 178). Reconhecemos, porém, que muitos ensinamentos do Evangelho e da Bíblia são de difícil compreensão sem o auxílio de uma “chave” esclarecedora, como nos afirma o próprio Codificador (O Evangelho segundo o Espiritismo, introdução, I).

O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e suas relações com o mundo corpóreo. Ele no-lo mostra, não mais como coisa sobrenatural, porém, ao contrário, como uma das forças vivas e incessantes da Natureza, como a fonte de uma imensidade de fenômenos até hoje incompreendidos e, por isso, relegados para o domínio do fantástico e do maravilhoso. É a essas relações que o Cristo alude em muitas circunstâncias e daí vem que muito do que Ele disse permaneceu ininteligível ou falsamente interpretado.

Também para Emmanuel,

O Espiritismo, na sua missão de Consolador, é o amparo do mundo neste século de declives da sua História; só ele pode, na sua feição de Cristianismo redivivo, salvar as religiões que se apagam entre os choques da força e da ambição, do egoísmo e do domínio, apontando ao homem os seus verdadeiros caminhos.
A Caminho da Luz, Emmanuel/Chico Xavier, c. 25

Não podemos deixar que a oportunidade da existência, que ora abraçamos, passe sem nos dedicarmos inteiramente ao Mestre e à Sua Seara. Para tanto, é preciso entender Sua mensagem. Tal entendimento, a exemplo dos princípios que fundamentam a Doutrina dos Espíritos, só se pode alcançar com esforço, perseverança e estudo.

Dediquemo-nos a este propósito com abnegação, pois, como novamente nos alerta Emmanuel:

A morte a todos nos reunirá para a compreensão da verdadeira vida… E, sabendo que a justiça definir-nos-á segundo as nossas obras, abracemos a Codificação Kardequiana, prosseguindo para frente, com Jesus e por Jesus.
Fonte Viva, Emmanuel/Chico Xavier, Com Jesus e por Jesus.

O Consolador prometido por Jesus vem ao mundo nos lembrar de que as instruções do Divino Mestre têm que ser entendidas e praticadas à luz do conhecimento da realidade do espírito. Antes dita sob forma alegórica, dada a nossa incapacidade de entendimento espiritual, hoje a mensagem do Cristo tem que estar acessível a todos, sem, porém, perder sua autenticidade. Somos, assim, convidados a entendê-la e colocá-la em prática, afinal “as instruções que promanam dos Espíritos são verdadeiramente as vozes do céu que vem esclarecer os homens e convidá-los à prática do Evangelho” (O Evangelho segundo o Espiritismo, introdução, I).

3. Como fazer o EMEJ?

Primeiramente, seleciona-se uma passagem ou um versículo do Novo Testamento. A seleção pode ser por sugestão do dirigente ou por escolha dos participantes, segundo o interesse do grupo ou de suas necessidades.

Deve-se, então, analisar o sentido literal do trecho ou da palavra, especialmente atentos ao tempo dos verbos, identificando seu sentido no contexto da mensagem.

Para entender minuciosamente a mensagem de Jesus, é preciso estar atento aos detalhes. Muita vez, informações importantes nos passam despercebidas por não estudarmos expressões ou frases pormenorizadamente.

Inicialmente, não se assuste com as dificuldades que poderão surgir, conquanto, aos poucos, iremos percebendo que as mensagens de Jesus são, acima de tudo, para os destemidos e de boa vontade.

Deve-se também levar em conta que o Evangelho é uma norma de conduta atual para cada um de nós. O EMEJ é um estudo metódico, sério e contínuo, visando ampliar nossos conhecimentos sobre a mensagem de Jesus, para que possamos processar uma aprofunda reforma de nossa conduta, para com o próximo e para com nós mesmos. Não se trata de formar especialistas em História do Cristianismo ou em Teologia, e sim de reviver o Cristianismo em sua origem. O EMEJ visa, acima de tudo, a renovação íntima de cada um de nós, que somos os primeiros beneficiados. Afinal, “os ensinamentos do Mestre, no princípio espírita–cristão, constituem sistema renovador, indicação de caminho, roteiro de ação, diretriz no aperfeiçoamento de cada ser.” (Palavras de Vida Eterna, Emmanuel/Chico Xavier, c. 118).

Devemos também ficar atento às pesquisas, pois determinadas obras podem contradizer princípios doutrinários e desviar o EMEJ do objetivo proposto, que é a reforma íntima do ser, e não o aprofundamento da história bíblica ou terapias, ainda que respeitáveis.

MATERIAL UTILIZADO:

A. Novo Testamento

O Novo Testamento é o objeto de estudo do EMEJ, mas recomendamos ter em mãos a Bíblia, que contém também os textos do Antigo Testamento, que é, afinal, “o alicerce da revelação divina”, enquanto “o Novo Testamento, o Edifício de redenção das almas” (O Consolador, Emmanuel/Chico Xavier, q. 282).

Também nessa direção,

“O Velho Testamento é a revelação da Lei; O Novo é a revelação do Amor; o primeiro consubstancia as elevadas experiências dos homens de Deus, que procuravam a visão verdadeira do Pai e de sua Casa de infinitas maravilhas. O segundo representa a mensagem de Deus a todos que O buscam no caminho do mundo”. Emmanuel.
Coletânea do Além, Espírito diversos/Chico Xavier, O Velho e o Novo Testamento

Podem ser utilizadas outras traduções, mas temos utilizado a tradução de João Ferreira de Almeida, impressa pela Imprensa Bíblica Brasileira em 1996 (86a edição). É uma Bíblia que está traduzida em quase todos os idiomas do planeta e é a primeira obra impressa por Gutemberg há mais de 600 anos. Foi utilizada no Brasil pelo Frei Coimbra, quando rezou a primeira missa dos portugueses em solo brasileiro.

Assim, “a Bíblia, desse modo, é o divino encontro dos filhos da Terra com o seu Pai. Suas imagens são profundas e sagradas. De suas palavras, nem uma só se perderá” (Coletânea do Além, Espíritos diversos/Chico Xavier, O Velho e o Novo Testamento).

B. Codificação Espírita

C. Obras complementares

  • Dicionário acadêmico;
  • Dicionário Bíblico;
  • Concordância Bíblica;
  • Mapas das regiões da Palestina;
  • Apostilas dos trabalhos realizados pelos estudiosos Honório Onofre Abreu e José Damasceno Sobral, do Centro Espírita Emmanuel, em Belo Horizonte;
  • Livro Luz Imperecível, editado pela UEM;
  • Apostilas AEEJ/UEM.

Importante lembrar que, além da tradução já mencionada, também são importantes e muito úteis os comentários de rodapés em algumas traduções bíblicas, dentre as quais podemos sugerir a de Haroldo Dutra Dias (Novo Testamento), a Bíblia de Jerusalém e a Bíblia do Peregrino.

4. Conclusão

Entendemos que a Doutrina Espírita sem o Evangelho seria apenas mais uma notável filosofia espiritualista. O Evangelho sobrevive há mais de dois mil anos no planeta, mas, para a maioria, tem sido letra morta. O Espiritismo é, pois, a chave para o entendimento da essência evangélica. Necessitamos de Jesus para nosso aprimoramento íntimo e da Doutrina para melhor entendê-Lo.

Assim, compreendemos que o EMEJ não deve prescindir dos estudos aprofundados dos princípios doutrinários. As reuniões de estudo do Novo Testamento nos ensinam a amar, sensibilizando as fibras íntimas do coração; as doutrinárias nos ensinam sobre a fé, que encara a razão frente a frente. Afinal, “já se disse que duas asas conduzirão o espírito humano à presença de Deus. Uma se chama AMOR, a outra, SABEDORIA” (Pensamento e Vida, Emmanuel/Chico Xavier, c. 4).

Nota: Destacamos como bibliografia não só as obras doutrinárias e autores já citados ao longo deste trabalho, mas também as apostilas disponíveis no site da Área de Estudo do Evangelho de Jesus (AEEJ), www.uemmg.org.br, bem como disponíveis pelos links abaixo.

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